Passeando com a cria #1

Adotei uma cadela de um ano e seis meses, então Samira, que transformei em Safira. Falarei com mais detalhes sobre ela em breve. Como todo cãozinho, ela sente necessidade de passeios diários para cheirar outras bundas, pular no colo de qualquer pessoa que estabeleça contato visual, tentar mordiscar ossinhos jogados no meio fio e, quando sobra um tempo, fazer suas necessidades.

Antes de encontrar o Myspace, banheiro predileto da Safis, costumava levá-la a uma pracinha próxima da minha casa. Quando faço isso à noite, estou sujeita a um número maior de distrações – pessoas, muitas pessoas, e outros cachorros.

Gosto de observar a dinâmica dos passeios. Como tem pouco mais de um mês que adotei, não tenho coragem de soltá-la. É tudo na base da guia (!). O que fica bem difícil pois Safira se transforma em carreta furacão a cada passeio. Ver seus semelhantes ou um humano qualquer é motivo para ficar alucinada. Sério. Minhas mãos ficam vermelhas de tentar segurar a guia, mas não largo o osso. A maior parte das outras pessoas, claro, solta a coleira da guia e deixa seus bichinhos livres para correr pelo gramado.

Até aí, beleza. Apanho um pouco para despistar os cachorros e incentivar Safira a retomar o foco do passeio: fazer xixi e cocô.

O problema é que algumas pessoas também levam suas crianças para passear. Da mesma forma, soltam a guia e deixam suas crias livres. Claro que, assim como os donos de cachorros, os donos de seres humanos se sentam nos banquinhos e deixam suas criaturas livres e sem supervisão. E essas crianças podem te perturbar o espírito – ou o da sua cachorra, o que é ainda pior. Imaginem uma pequena criança encapetada interrompendo Safira a cada 30segundos de caminhada para um ataque de Felícia??? Ninguém pode apertar Safira assim, gratuitamente (só eu). Mas essa criança não dava trégua.

Rolou um diálogo mais ou menos assim:

Ok, agora deixa a Safira continuar o passeio porque preciso ir embora

– Mas por que?

– Tenho aula daqui a pouco e ela precisa fazer cocô [e você não deixa, criança demônia]

– Mas por que??? [pula na frente da Safis e abraça, imobilizando a bichinha]

– Porque tenho compromisso e preciso ir embora, e ela precisa seguir o passeio.

– Mas não tem problema!!! Deixa ela aqui comigo!!!!

Amigos, como proceder quando você não pode bater o pé com força e nem gritar SAI??

Por que amo e por que ir a Campo Grande

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Embora tenha nascido em Campo Grande, levei dez anos para chamá-la de lar. Uma década perambulando pelo interior do Mato Grosso do Sul para, em 2001, colocar tudo em caixas e enfim morar na capital, de onde só sairia, veja só que coincidência, dez anos depois. Aconteceu toda a fantasia de estar em uma “cidade grande” e ter acesso a coisas que nem existiam no interior, como livrarias (poisé), por exemplo. Deslumbre que dissolveu em pouco tempo e se solidificou na forma de ódio intenso. Eu detestava a Cidade Morena – apelido famosinho, que nem as pessoas que chamam Porto Alegre de PoA, sabe? Me sentia sufocada. Com a sensação de estar no mesmo lugar de antes, apesar da diferença de tamanho. Nossa única conexão era o céu. Tinha paixão pelo pôr-do-sol e as noites estreladas, poderia contemplar ambos sem perceber qualquer detalhe ao meu redor.

Aquele velho mote do “nós só valorizamos quando perdemos” fez todo sentido com o passar do tempo. Nunca perdi a conexão com o céu, enquanto minha ligação com o ódio evaporou. Bastou mudar de cidade para aprender a gostar da minha terrinha e sentir falta de cada detalhe.

A capital do Mato Grosso do Sul tem 853.622 habitantes e é uma idosa jovem: tem só 116 anos. Não é um número muuito expressivo e sim, a tendência é conhecer todo mundo! É bom ter um lugar com o mínimo de estrutura, mas com aquele clima gostoso de interior. Depois de seis anos no caos paulistano passei a morrer de saudade da tranquilidade que tinha por lá. Acordar com passarinhos cantando era de praxe e, apesar do tempo seco, a cidade é super arborizada e só isso já me dava outro ânimo na hora de sair de casa. Foram os pequenos detalhes que me ensinaram a amar Campão (mais um apelido!). Essa serenidade obtida sem empecilhos, ter para onde fugir quando quero ficar sozinha, poder chegar aos compromissos sem atrasos e sem perder horas no trânsito, ter tempo e ter tudo isso em uma cidade que tem sim o seu charme.

Para mim sempre foi gostoso poder caminhar no parque – sempre com a companhia das capivaras, que caminham tranquilamente nas imediações do lago – e tomar uma água de coco depois, ou sentar em uma das muitas lanchonetes de lá para jogar conversa fora e tomar um suco. Quem é mais da noite pode escolher entre vários bares e baladas para todo tipo de grupo – coisa que mudou bastante de uns anos pra cá.

Se não bastasse tudo isso, a capital ainda oferece iguarias gastronômicas que olha, não sei nem o que dizer, só sentir. Ainda vou falar sobre as comidas típicas por aqui, mas quem não se aguentar pode dar um google no sobá, sopa paraguaia (que não é sopa, risos), carreteiro, linguiça de Macaraju, chipa… a lista é enorme. Tinha que comer sobá sempre, e na feira – porque em restaurante não tem graça, e poucas coisas são melhores do que chipa com café no fim da tarde.

Quer motivo maior para conhecer uma cidade do que poder experimentar um monte de comida boa em um ambiente sossegado?


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