Dias de outono despertam ligeira letargia. O sol preguiçoso, a impressão de que ainda é noite embora já seja mais de nove horas. Movimento fraco, bicicletas se deslocam gradualmente, algumas poucas pessoas aguardam o ônibus na parada. As ruas estão cobertas de folhas seca, é preciso prestar atenção aos passos para evitar escorregar. Mesmo os patos que povoam um dos lagos do início do trajeto decidiram ficar em outro lugar longe daqui.
Logo compreendo o porquê. Após quase um quilômetro correndo, percebo precipitações leves. Com o corpo já aquecido e exposto além dos muros de minha residência, decido continuar. Correr mais quatro quilômetros debaixo de garoa não dói tanto assim, sobretudo ante ventania tão calma.
Mais adiante, uma mulher e um homem se protegem da precipitação como podem debaixo das respectivas capas de chuva transparentes. Um carro freia e aguarda uma mulher, acompanhada por sete crianças, atravessarem a faixa de pedestre para então efetuar a curva à direita. Passo na frente de um prédio com um letreiro corrido, em letras vermelhas, que me conta que estamos no dia 25 de outubro, e são 9h15.
Tenho música nos fones, mas consigo ouvir o silêncio das ruas. Finalizo o trajeto no modo automático, deixando o corpo se levar sozinho na direção de volta para casa.
O dia ensolarado de ontem claramente levou consigo a inspiração para rabiscar qualquer besteira neste espaço.