Quando fui assistir Jojo Rabbit no Pathé Buitenhof, um de meus endereços favoritos em Den Haag, me impressionou a quantidade de pessoas nas ruas. O tempo honra a imprevisibilidade na Holanda, portanto nossa garantia de um dia ensolarado em um fevereiro invernal era quase nula. Estacionei a bicicleta na frente do cinema um pouco em cima da hora, mas ainda em tempo para comprar pipoca e me instalar na sala. Estava com um casal de amigos, e copiamos os locais ao fim da sessão. Encontramos um terraço com mesas livres e nos instalamos para tomar um café e tirar proveito desta figura tão ausente, o sol.
Foi em fevereiro de 2020, quando a pandemia ainda era uma ameaça e não parecia tão séria.
Comentei, na ocasião, que era curioso ver o quanto os holandeses se desdobram para aproveitar um dia de céu limpo. Pareceu exagero quando visitei o país sem ter a menor ideia que um dia o chamaria de lar. Porém bastou um par de meses para capturar cenas incríveis e entender como ninguém o desespero por um mínimo filete de sol.
Ao longo do inverno, independente dos termômetros marcando temperaturas nada amenas, se o sol faz uma aparição surpresa, todos correm para as ruas. As pessoas preparam lanches para comer nos parques e florestas, o pessoal dos esportes vai até as dunas pedalar com os gambitos de fora, os terraços tornam-se disputadíssimos. Em Den Haag, onde moro, há mesmo quem arrisque jogar a canga sobre a areia e curtir o sol na praia.
Vacinada e após quase dois anos apreciando as raras aparições do sol no terraço de casa, hoje faço tal qual os locais. Qualquer dia com o sol no talo é deixa para caminhar no bosque próximo daqui, ou me sentar em algum terraço para tomar café e sentir o calor solar tocar meu rosto.
Minha sorte é ter meu primeiro domingo de folga em meses justo em um dia outonal de beleza tão complexa em ser descrita.
Hoje minhas irritações também descansaram. Viajei nos delírios de Escher, quase dois depois de adiar minha visita ao museu no Het Paleis, tomei mimosa às três da tarde, caminhei nas imediações do nosso antigo endereço até os pés pedirem arrego. Observei a vida acontecer e me senti ligeiramente mais próxima dos locais por compartilhar do sentimento de coração cheio ante uma natureza tão serena e sem precipitações.
Se perdi o sono neste início de domingo, já nem me lembro mais.
Em uma realidade pré-pandêmica, os estudos me levaram ao interior da França em setembro de 2017. Cheguei devagar e me dei tempo para resolver burocracias e me instalar antes de começar a criar uma rotina. Não tardaria. Já havia preparado muita coisa antes da mudança, morar e estudar em uma cidade tão pequena te ajuda a criar hábitos com certa rapidez. Em dezembro já me inscrevi na academia mais próxima de casa, queria produzir endorfina o suficiente para não me sentir tão abatida pelo inverno cinza e depressivo de Montbéliard.
Praticar atividade física faz parte da minha rotina há anos. Tive minhas fases, mas posso afirmar que foi uma constante em minha vida. Academia funcionava para mim, portanto batia o cartão no mínimo três vezes por semana e intercalava cardio com treinos de força. Já treinei desesperada para perder peso ou para compensar um dia de comilança abundante? Claro. Na maior parte do tempo, porém, o exercício físico era um aliado para cuidar da saúde e me sentir mais ativa.
Até entrar na turma do pessoal das corridas. Peguei gosto pela atividade, pois encontrara enfim um esporte que poderia encaixar no meu cotidiano e que não dependia de equipamentos ou de gente para praticar. Talvez um bom par de tênis demande investimento maior, porém dura tanto tempo que não pesa tanto no bolso. Amava correr pelas ruas de São Paulo, mas se as condições meteorológicas não ajudassem era só substituir o asfalto pela esteira. Era uma atividade prática e acessível, embora viesse com seus contratempos. Correr mais de dois minutos seguidos sem andar não foi intuitivo, exigiu treino e perseverança – todavia isto é assunto para outro momento.
Minha paixão extrapolou limites e ousei longas distâncias. Completei duas meias maratonas, mas um dos meus joelhos cansou mais rápido que eu e fui forçada a interromper as atividades por um tempo. Imagine uma pessoa que corria três, quatro vezes por semana obrigada a não praticar nenhuma atividade física por um tempo, e tendo como única opção a bicicleta ergométrica ao retomar. Um horror sem fim.
Este período foi o primeiro semestre de 2017, portanto curei a agonia de não poder correr com a preparação ao mestrado. O ortopedista liberou as corridas pouco antes da minha partida, solicitando apenas que limitasse as distâncias a 10 km.
Uma senhora quebra de rotina, digamos. Assimilar minha nova realidade não era uma tarefa fácil e a cabeça estava quente demais para cogitar voltar ao meu ritmo de outrora em São Paulo. Durante todo o período em Montbéliard, um ano e seis meses, tive constância nos treinos. Caminhava meia hora diariamente para ir até à faculdade e repetia o processo na volta, o corpo estava em movimento. Já não podemos fazer tantos elogios à minha alimentação. Usufruí com classe dos meus últimos anos de metabolismo eficaz, comendo muitas baguetes e quiches, me permitindo kebabs e docinhos de vez em sempre.
Até me mudar para Annecy, onde realizei meu estágio, etapa final do mestrado. Morava em um apartamento de 18 m2, sem academias por perto, e deveras fragilizada emocionalmente. A paisagem me convidava a praticar exercício ao ar livre, mas minha cabeça andava tão desgraçada que não sobrava disposição. Após muitas frustrações, encontrei meu namorado, uma luz no fim do túnel. Nossos encontros foram permeados por muita bebida e comidas nadas saudáveis. Em resumo, foi um ano inteiro de puro sedentarismo e comendo sem nenhum filtro. Não limito contra nem a favor certas categorias de comida, uma de minhas atividades favoritas É comer. Entretanto, naquele período consumia com frequência tudo que até então era exceção.
Ao me instalar na Holanda, poucos meses antes da pandemia eclodir, deixei o bonde andar. Sucumbi sem hesitar, sobretudo ante o confinamento e todas as incertezas proporcionadas pela pandemia. Levei um ano inteiro para cogitar mudar o cenário, e só após conseguir um emprego fui atrás de uma nutricionista e alguns treinos para fazer em casa. Comecei a trajetória em março, quando me comprometi a me exercitar diariamente. Queria manter o meu corpo em movimento, e para tornar minha missão possível intercalei treinos mais intensos com alongamentos. Para este segundo ano de pandemia, digo com segurança que o esporte me salvou. Se não fosse minha produção diária de endorfina, não daria conta da rotina.
Me tornei a adulta que se levanta diariamente às 6 da manhã para fazer exercício. Só funcionou porque se tornou meu momento. São 30 – 40 minutos que tenho comigo, onde a sensação de estar me cuidando prevalece. Me provocou um bem tão absurdo que hoje em dia já acordo antes do despertador, animada pelo treino do dia. Sentimento que nunca experimentei, mesmo nos meus três anos de amor constante pela corrida.
Nesta manhã, no entanto, foi um desses dias onde o corpo esteve muito próximo de pedir arrego. Desde o início do acompanhamento com a nutricionista dei vários furos, nada mais normal para quem experimenta um paciente período de readaptação. O exercício exigiu pausas quando recebemos visitas e tivemos imprevistos, portanto os resultados seguem preguiçosos. Agora sou uma mulher de trinta anos com metabolismo preguiçoso, e uma das maiores vantagens da idade é respeitar meu ritmo e aceitar que os resultados não surgem do dia para noite, e que isso não é — e nem deve — ser o fim do mundo.
2021 foi um imenso salto de fé no meu cuidado físico. Amo o processo de me cuidar, reaprender sobre meus limites e o que me faz bem. Construir o entendimento de que em alguns dias só sairá na força do ódio, conforme aconteceu hoje, e em outros trocarei o tapete de exercícios pelo sofá.
Registro suado pós corrida, quando voltei a correr no meio do ano ♥️
A Nicas é quase uma entidade/santa protetora deste blog, pois é citada em quase todos os posts. Obrigada por existir, Nicas. Visitem o blog dela pois: pessoa maravilhosa e posts incríveis.
Ela fez dois posts falando sobre o Mirena. Um sobre a decisão de colocar, outro sobre sua avaliação pós um ano com ele. Depois deste segundo texto senti vontade de contar a minha experiência pois foi catastrófica. E claro, mais do que sobre métodos contraceptivos, precisamos falar sobre a necessidade deles em nossas vidas. Não é algo exposto com tanta abertura assim, mas sabemos: a maioria quer evitar uma gravidez e só. USEM CAMISINHA, CARAI, mas se você é uma moça sem tretas menstruais, cheia de paranoias e quer uma opção a mais para evitar bebês no seu útero, o DIU de cobre resolve. Ele só inibe gravidez, você menstrua normal. Acontece que muita gente esquece das moças com ovários policísticos e com endometriose.
Caí mais ou menos na segunda categoria. Não tenho um diagnóstico, mas a médica disse que as chances de despontar uma endometriose neste belíssimo útero são altas. Conversamos muito e minha ginecologista de anos indicou parar com a pílula e colocar um DIU de hormônio (o Mirena). Pesquisei com calma para fazer tudo pelo meu convênio, que é de Campo Grande. Infelizmente não sei como funciona pelo SUS ou particular, mas a maioria das ginecologistas fazem a introdução na própria clínica. Em outros casos, só pode ser efetuado em hospitais.
Em tempos de demonizar a pílula sinto ainda mais vontade de escrever sobre o assunto. O objetivo aqui é contar minha experiência com o DIU, porém faço questão de dedicar algumas linhas em defesa da pílula. Gente, eu já tentei de tudo. Tudo mesmo. Remédios de farmácia, remédios naturais, chás, óleo de prímula. Algumas coisas ajudaram por um tempo, até meu corpo criar resistência e não ter mais efeito. Meu ciclo era porreta:
É CLICHÊ DEMAIS usar esse gif como referência, eu sei
Pois juro que era bem assim. Três dias sangrando horrores e me arrastando pelos cantos por motivos de cólicas intensas e muita dor no corpo. Sem contar o inchaço. Me sentia tal qual o boneco da Michelin. Não sou evoluída a ponto de curtir sentir dor e sangrar horrores. Com essa história de endometriose, então, não pensei duas vezes. Só comecei a tomar pílula em 2013, resisti ao longo de 12 anos de muito sofrimento com a menstruação. O fluxo sossegou, as cólicas também (sim, elas continuaram!! as cólicas me amam e são muito resistentes), e então veio aquele papo promissor de FIM das cólicas E do fluxo. Não resisti, precisava tentar.
Como é colocar um DIU?
É horrível. Não vou fazer cerimônia. Tenho tolerância super alta para dor (tatuei a costela, sabe) e pensei que fosse morrer. Pior cólica da minha vida, parecia um alien tentando rasgar as paredes do meu útero. Na hora de introduzi-lo você consegue sentir direitinho, é como se alguém te desse um soco forte no útero e continuasse empurrando. A tendência do teu corpo é tentar expulsá-lo em seguida, pois é um objeto estranho invadindo o espaço – ou seja, a cólica forte pode te incomodar ao longo de vários dias. Diminui, é claro. No dia que coloquei pensei que fosse morrer e cheguei a sentir ânsia de vômito. Nos outros dias incomodava, era chatão, mas nada comparado ao primeiro dia.
Fui 100% Carminha surtando na hora que a gineco enfiou esse negócio em mim
Ouvi dizer que a longo prazo você deixa de menstruar. É verdade?
Tenho amiga que parou mesmo, mas o meu corpo, diferente dos delas, é burro e adora menstruar. Completo um ano com o DIU no fim de março e até agora ‘menstruei’ todos os meses. Coloco entre aspas porque a menstruação tende a reduzir cada vez mais e o fluxo parece de fim de ciclo, aquela borrinha marrom. É normal ter escape no início, é o teu corpo reagindo ao “objeto não reconhecido” dentro de você. Por isso o Ultrassom transvaginal deve ser feito de seis em seis meses, pra checar se o DIU continua onde deveria estar. O deslocamento dele pode ser causar cólicas e sangramentos.
Como foi para você?
Dei muitas chances a ele, juro. Tudo começou com os escapes – foram praticamente três meses convivendo com aquilo que chamava de ‘fim de menstruação eterno’. Não dava para usar coletor, pois o fluxo era muito leve para isso; não dava pra ficar sem protetor de calcinha porque era sangue suficiente pra manchar; se colocava protetor eventualmente ficava assada e a dois passos de ter uma candidíase. Meu ciclo, que antes durava entre 5 e 6 dias, agora dura DEZ – isso depois de uns seis meses de escape infinito, claro. E bem, as cólicas… sempre tive probleminhas com isso, não faço ideia do que é uma vida sem sentir essas dores horríveis. Elas pioraram com o DIU. São mais fortes e duram mais tempo – ao menos em comparação com os tempos de pílula. A indicação visava me afastar de uma possível endometriose, reduzindo fluxo e cólicas. O fluxo melhorou, é verdade, mas o escape me incomoda muito e convenhamos – ninguém gosta de sentir dor.
Quando tenho essas cólicas porreta fico que neeem esse esqueleto
O veredicto
Cada organismo é um organismo, certo? O meu não se adaptou. Conheço outras pessoas que colocaram, amaram e não tiveram problemas. Foi até difícil pedir a opinião de outras moças porque todo mundo dizia “calma, o início é difícil mesmo”, mas os sintomas persistiram mesmo depois do primeiro semestre de adaptação. Então sim, meu plano é tirar. Vou fazer os exames de rotina assim que completar um ano de DIU e checar quais são os procedimentos para retirar.
E você? Já pensou em colocar um DIU? Tem vontade? Conte nos comentários! 😀
Comida travestida de solução para problemas. Já aconteceu com vocês? Comigo sempre. Uma das formas mais fáceis de obter alívio imediato. Não fico calculando nada, vou lá e como qualquer coisa que pareça agradável ao meu bucho e ao fim de todo e qualquer conflito mental. Creio que só de pensar em preencher minhas angústias com comida já ganho pelo menos 1kg. Quando vi este tweet, me peguei rindo da própria desgraça, pois muito real. Me identifiquei, levei na esportiva… mas os amigos que emagrecem nessas situações levaram bem a sério e não gostaram.
Tenho problemas com peso desde os meus 13/14 anos.
Meu maior sonho : ter a mentalidade dos meus dez anos, quando não ligava para nada. Fui uma criança gordinha das mais orgulhosas, dancei sapateado na cara de todos que se uniam para me presentear com o bullying perfeito. Meu único trauma no período foi uma professora de ballet que, após uma aula experimental, disse a minha mãe que eu não poderia fazer ballet pois era muito gorda. Eu tinha cinco anos. Nem pensei em emagrecer, claro, mas passei minha vida inteira evitando qualquer contato com a dança porque rolou trauma, parecia que não era para mim.
Passaram-se anos, embaranguei rude e, no auge dos meus 14 anos, comecei a me incomodar. Era espinha na cara, cabelos monstruosos (era bem assustador mesmo), unhas gigantescas e cheias de cutículas, a bunda do tamanho de uma semana e…a barriga. A barriga transbordando na calça. Vivia de camisetão para disfarçar meu show de horrores pessoal. Com essa idade o bullying ganhou outro tom. Na infância os pirralhos tinham uma puta criatividade para criar apelidos, na pré-adolescência um simples “além de feia é gorda” poderia se transformar em ruína. Percebam a gravidade do julgamento – criança ou adolescente, a gente não tem uma capacidade de filtro muito boa. As críticas nessa faixa etária são muito significativas – deixam marcas em nós que podem nos acompanhar por muito tempo e levar ANOS para cicatrizar.
Comigo não foi diferente – embora eu adorasse posar de durona, séria, a moça que não se afeta com nada! Tanto que fui bem discreta na minha busca por uma nutricionista e ao fazer uma ficha na academia próxima de casa – isso mesmo, academia aos quinze anos, pois seguia com a noia de não poder arriscar qualquer tipo de dança. Virei uma pessoa mais ativa e disposta, aprendi muito sobre alimentação saudável, aprendi a dosar as porcariadas, entendi a importância de manter o corpo ativo – tudo isso sem exageros, entendendo o meu ritmo pessoal.
Com uns 10kg a menos tudo mudou – passei a receber elogios, as pessoas pareciam me enxergar. Isso causou toda uma confusão na minha cabeça oca de jovem, parecia que ser magra era a solução pra ser aceita! Belíssima a embalagem, mas o conteúdo era o mesmo – danificado – de antes. Seguia sendo esquisitona e cheia de problemas, e as pessoas pareciam se forçar a me aceitar só pelo fato de ter me tornado uma coisa visualmente aceitável. Isso cresceu na minha cabeça e desandou legal. Ficar magra virou uma obsessão. Na sequência, alguns anos depois, passei por uma situação de grande stress recém-saída de um relacionamento abusivo e, na tentativa de ganhar peso (sim, a coisa tomou proporções inesperadas e eu não me contentei com os 10kg a menos), desenvolvi uma gastrite. Ter que decidir meu futuro profissional potencializou a coisa e bem, aquelas eram as minhas boas-vindas calorosas à vida adulta.
Porque desde então o negócio degringolou. Engordar significava estar com as taxas alteradas, e comecei a me deparar com “situações limítrofes” constantes entre glicose, colesterol e ferro. 17 fucking anos apanhando pra entender que foda-se a estética, o importante era se sentir bem, pra ter a vida esfregando na cara que aumento de peso tinha deixado de ser um problema externo. Desde então oscilo aí entre 5kg que vão e voltam, exames a cada seis meses pra ter certeza que não preciso me desesperar com números descontrolados.
Pois saibam que tem gente magrinha, seca, bem mais magra que eu, com os mesmíssimo problemas. Sabe qual a treta principal de tudo isso? A ansiedade! Nenhuma oscilação aconteceria – nem perder e nem ganhar muito peso – se essa infeliz não nos perturbasse tanto o espírito.
Então deixo aqui minha dica: quando o coleguinha reclamar da balança – seja pelo número elevado ou reduzido – não seja uma pessoa ruim e sem tato. Ofereça um abracinho e cancele a lição de moral. Tudo que a gente precisa, às vezes, é de um ombro amigo que não julgue a nossa dor – por mais tola que ela aparente. Acreditem.
(Sim, isso é uma preparação de terreno pro vídeo de amanhã)
2016, fevereiro (quase março! Que glória esse ano passando rápido), e aquele projeto de ser mais saudável, como vai? Para quem é 100% sedentário a meta deve ser um fardo, imagino. E bem, se você precisa forçar, não poder ser algo bom – e isso serve para tudo na vida, inclusive para relacionamentos (fica a dica). Por isso aconselho todo mundo a achar alguma coisa prazerosa pois sim, praticar atividade física é muito importante. Não estou falando em Geração Pugliesi, Geração Saúde – aliás, por que esse termo virou motivo de zoação? – mas de cuidar do próprio corpo. Do interno, não do externo.
Nós não temos noção do quanto uma rotina saudável pode ser favorável até pegar aquele exame de sangue maroto. Posso parecer uma tia velha por abordar esses assuntos tendo apenas 24 anos, até eu achava meio absurdo. Mas notei o quanto minha rotina saudável me ajudou a superar muitas dessas dores psicológicas que encaramos sempre.
O assunto rende muitos tópicos, claro, e quero falar sobre isso sempre que possível. Para começar, compartilho com vocês um pouco do que fiz para criar “disciplina” com os exercícios. Faço academia e natação, mas algumas dicas valem pra quem faz dança, crossfit, ou qualquer outra atividade física!
Horário!
Estabelecer um horário e ser fiel a ele ajuda muito. Quando você faz alguma modalidade de dança é mais fácil porque tem horário pré-definido. Para academia pode ficar difícil pois muitas opções. É de ficar maluco, não dá pra saber o que escolher direito, se organizar… minha dica é experimentar todas as modalidades e a partir disso montar seu cronograma. Sim, minha rotina semanal é a mesma. Quando quero fazer algo “diferente”, encaixo no horário da tarde. Por exemplo: toda terça faço aula de corrida às 6h45. Tem jump no mesmo horário, que eu amo. Mas se der muita vontade de fazer procuro um horário à tarde ou à noite. É um extra, pra não bagunçar meu esquema de horários pela manhã.
Não encare como obrigação
Já disse no início: se tá insuportável e você sente que não é pra você, não insista. Por isso digo para tentar várias modalidades na academia, um esporte, uma dança, rolê de bike, o que se encaixa melhor ao seu estilo. Viu, tem até opção que não precisa pagar para fazer! Tendemos a nos prender ao “eu paguei, então tenho que ir”, e essa é a maior burrada da vida. Há muitas opções hoje em dia, se uma não deu certo, deixe essa fila andar e procure outra coisa.
É o seu momento
PARECE conselho de revista feminina clichê, mas não é. Pensar que é um momento seu, pra focar na sua saúde e nada mais, ajuda bastante. Tão seu que não importa a opinião dos outros. É você se cuidando longe do olhar do outro. A partir desta pespectiva fica mais fácil entender que aquilo vai ocupar só 10% do seu tempo diário e é para o seu bem. No máximo vai te afetar com uma dor muscular, mas ela passa.
Is it too late now to say sorry?
Insisto muito na playlist pois: fundamental, belíssima, favorável. Pensava que dava para sobreviver em academia com a trilha ambiente, mas o universo sempre me dizia que não. Ontem, por exemplo, entrei no salão da musculação e estava tocando… everybody hurts. É.
Ter uma playlist de músicas animadas é bom para tudo: não deixar a bad tomar conta, cantar junto na hora da procrastinação e pra te dar um gás na hora da atividade física. Te distrai de uma forma quase natural: você empolga sem nem perceber e quando se dá conta opa, acabou a corrida ou o treino de musculação do dia 🙂 (o título é uma clara referência ao hit do nosso querido Bieber que tem agitado minhas atividades).
Naninha
Algumas pessoas sofrem de insônia de verdade, outras empolgam mais que o indicado no celular ou computador. Ainda mais quando você passa o dia todo trabalhando, chega em casa podre, toma um banho e se joga na cama enquanto fica rolando a página do facebook, do tumblr, do twitter… quando você vê já é meia-noite e você está desde as 20h fazendo nada. Dormir é essencial e te ajuda a ter disciplina e seguir todos os conselhos que dei antes. Uma pessoa descansada tem mais disposição para se movimentar, então fazer uma forcinha pra ir até a academia fica mais fácil. Então vamos policiar essa mania de redes sociais pelo menos na hora de dar trégua ao corpo.
É isso, meu povo! Espero que as dicas ajudem de alguma forma. Hora de parar com as desculpas e movimentar o corpitcho. 🙂
Aqueles relógios digitais espalhados pela cidade de São Paulo são monstruosos. Imagine olhar para um deles e dar de cara com 31 graus piscantes quando você acaba de passar a plaquinha dos 3km sabendo que tem mais 7 pela frente. Correndo. CORRENDO. E o relógio muda da temperatura para o horário: 10:00. Sol a pino e você, trouxa, correndo. Pagou para correr! Poderia estar em casa, dormindo. Aproveitar para acordar mais tarde. Existe sempre um momento em meio à qualquer atividade física em que perguntamos por quê raios deixar de lado a vida sedentária, que é tão cômoda. E é isso: se exercitar sempre vai ser sofrido. Pode ser super prazeroso, mas vai doer em algum momento.
A 23ª Maratona (de Revezamento) Pão de Açúcar foi uma prova de resistência das mais pesadas. Foi a primeira vez que repensei todo esse rolê de corridas no meio do percurso e pensei em desistir de vez. Largada depois das 9h com o sol queimando a alma, percurso pesado e com sinalização ruim, muita gente (principalmente perdida). Tinha também o lado de estar em equipe, correr com pessoas que me acompanham desde o início e a superação de estar em uma prova atípica em comparação a todas que já havia feito. Depois dessa me inscrevi em pelo menos mais cinco provas, porque coerência é uma coisa que não existe na minha vida.
Comecei em 2013, quando ainda treinava em uma academia perto de casa. Conversei com o Ale Scaringi, meu instrutor na época, e pedi sugestões do que fazer para substituir os exercícios de cardio, porque andava meio cansada das aulas aeróbicas. Ele sugeriu a corrida e me montou uma planilha marota. Para me manter focada, me inscrevi em uma prova feminina de 5k. Fui uma pessoa disciplinada e segui tudo a risca, não matava um dia de treino, maaaas cometi a loucura de aceitar ideia errada. Surgiu a tal maratona de São Paulo, que tinha uma opção de corrida de 10k, e voilà, Lidyanne treinando para fazer 5k terminou “estreando” em uma prova oficial com 10k.
Essa pessoa de short preto com azul sou eu. Na tal prova inicial de 10k
Aí todo mundo entende minha relação maluca e nada coerente com a corrida. O problemão é que correr na rua vicia de um jeito que nem sei bem como explicar. Não me importava em correr na esteira, tendo uma boa playlist (um beijo, beyonça) a gente até consegue esquecer a parede verde enjoativa da academia. Só que na rua era diferente. Você corre observando a cidade, conhecendo melhor lugares por onde sempre passou de ônibus ou carro e nunca reparou bem. Tem paisagem, tem pessoas tão motivadas quanto você. E é lindo.
Também já fui como 90% das pessoas que chegam até mim e dizem “nossa, eu não aguento correr nem para pegar o ônibus”. Pois digo: o máximo que eu conseguia era correr durante 60 segundos na esteira. De repente consegui correr 2 minutos sem parar. E então cinco, dez… até completar 35 minutos correndo sem parar. Lembrando que aconteceu com tempo, não foi de um dia para o outro. É bem importante lembrar que condicionamento muda bastante de pessoa para pessoa. Acontece da pessoa estar bem condicionada devido aos treinos que costuma fazer, acontece da pessoa começar a correr do nada e de cara se dar bem. E também acontece de apanhar para conseguir completar um percurso, e isso é bem comum. Mas as pessoas gostam de se cobrar e/ou arranjar desculpas.
Eu sou meio Matthew Inman, corro para comer. Porque comida é uma paixão muito forte, então a corrida veio como elemento ideal para poder “comer sem culpa” (sim, o dramalhão de peso é conteúdo para outro texto, ME AGUARDEM!). Que fique claro, não faço SÓ por isso. Gosto de correr. Desde que adaptei meu corpo a isso passei a encarar como uma distração. Nunca foi uma escolha para perder peso ou ter uma vida mais saudável. Era algo que por um acaso me ajudava a manter meu peso, só isso. E juro que funciona de um jeito mágico, porque alguns minutos de corrida me ajudam a desligar do mundo enquanto ouço umas músicas toscas e não penso em nada sério. Chegar ao nível máximo de exaustão ajuda a anular pensamentos ruins. Dura só o tempo do percurso? Sim. Faz uma puta diferença da mesma forma. Costumo correr pela manhã, e fazer isso me motiva a encarar um dia inteiro.
Então se tem uma dica que posso deixar para todos em 2015 é: coloquem correr entra as metas de 2016. Fácil de fazer, maravilhosa para matar as bads, e ainda te ajuda a ser um pouco mais saudável e a ter mais resistência para sobreviver a um dia ruim 🙂
Esclerosada na etapa Alemanha da Série Delta. Um dos meus percursos favoritos de 10k 🙂
(A ideia é fazer um vídeo sobre minha relação com corridas em breve, vamos ver se esse vlog acontece em 2016!)
Vocês podem perguntar o por quê de tanto auê com relação a análise. Por que raios tanta propaganda e insistência? A resposta parece simples: saúde mental é uma delícia. Vão por mim. Nunca entendi quem vê glamour em tomar antidepressivo, mas pela minha experiência vejo remédio como paliativo. Em casos extremos é necessário para dar aquele empurrãozinho para a pessoa. Pois sim, há quem nem consiga ir ao trabalho devido ao estado emocional. Então ajuda! Mas se não houver acompanhamento do analista é tudo meio em vão. Porque problema é aquela coisa que desponta quando você menos espera.
Na análise você vai descobrir um monte de coisas óbvias sobre si mesmo. Gosto de comparar com a leitura de um livro, quando ficamos intrigados com o título e ele magicamente aparece no meio do enredo. E nós ficamos com aquela cara de wow, aqui, no meio da história, esse título faz ainda mais sentido! Nas primeiras sessões você vive isso o tempo inteiro, batendo com a cara na parede por conta muuita coisa que estava clara o tempo todo sobre sua personalidade, mas você sempre ignorou ou nunca parou para reparar com calma.
A partir disso você passa por todo uma fase de autoconhecimento. Afinal, precisamos de uma base, um ponto de partida. Isso não se desenvolve de um modo linear – segue seu fluxo de pensamento. Você pode passar cinco sessões falando sobre seus conflitos atuais e, do nada, surgir uma lembrança da infância. Também é impressionante o modo como as coisas vão se conectando com o passar do tempo.
Nossa, muito sedutor isso aí. Mas tão caro, não é?
Amigos, como vocês se sentem quando alguém te pede um orçamento, você manda e a pessoa responde: “tá caro, será que não rola um descontinho, rs?”. Psicólogo/psicoterapeuta, como todos nós, estudou, fez especializações. Ele investiu tempo e esse dinheiro que o belíssimo pão duro tem tanto apego serve para pagar por todos esses anos de formação. O seu vestido novo, celular de última geração, tênis para corrida, todos foram caros também. Me dá um pavorzinho toda vez que alguém diz que não faz porque custa muito dinheiro.
Vai por mim: dá para encontrar bons profissionais por preços acessíveis às suas condições financeiras. Gente, sou jornalista, atualmente trabalhando como freelancer. Dinheiro não é abundante nessa vida, muito menos nessa área, e consegui dar um jeito. Você também consegue, vai por mim. Tudo é negociável. Existe a opção de fazer um número menor de sessões também. Enfim, conversem! Sempre dá para encontrar um jeito.
Meus amigos vão me zoar quando eu disser que tô na terapia, e agora?
Olha, vem cá, chega mais: em alguns momentos da vida é preciso mandar o amiguinho para o inferno. Isso mesmo. Maravilhoso ter amigos, mas antes de qualquer coisa: a vida é toda sua. Ninguém precisa meter bedelho e julgar suas escolhas. Tá aí outro negócio incrível que aprendemos com a análise: nós somos donos de nossas vidas e precisamos aprender a lidar com nossas escolhas por conta própria.
Já tive esse defeito. Pensava tanto nas possibilidades de julgamento que demorei 24 anos para dar um jeito nessa vida e agora estou aí tentando correr atrás do prejuízo. Se a pessoa acha absurdo você investir em análise pode ser o caso de repensar sua amizade, só uma dica.
Legal, estou convencido. Como proceder?
Minha sugestão é procurar contatos com amigos. Converse, tente conhecer qual linha o analista segue, dê uma pesquisada. Eu sou fãzoka assumida de Jacques Lacan e não consigo me imaginar fazendo análise com uma linha diferente. Mas isso TAMBÉM é bem pessoal, se vocês quiserem posso até fazer um post geralzão explicando os princípios de cada linha. Pesquisar é fundamental! Conhecer um pouco da análise dos seus amigos que querem te passar uma indicação também.
Peça sugestões sem medo! Porque escolher meio a esmo é complicado. Você pode dar sorte e se identificar logo de cara, ou ser meio decepcionante e você não querer voltar nunca mais. Ah, vale dizer: se for decepcionante e a análise for um fardo para você, troque. Troque até achar um analista com o qual se sinta à vontade para desabafar.
Lidy, mas eu morro de vergonha de falar sobre coisas pessoais ):
Migos, nem todo mundo tem facilidade, fiquem tranquilos! Isso é algo, por vezes, que leva tempo. Por isso é tão importante achar um analista que te deixe à vontade. Lembrando que o profissional não faz milagres. Ele está ali para te orientar. Ele vai te guiar a partir do que você conta. Por isso é tão importante não omitir nada e ir perdendo o receito aos poucos. Acima de qualquer coisa, é um profissional. Ele não vai te zoar (se fizer isso, estranhe), não vai fazer nenhum tipo de julgamento. Ele quer te conhecer justamente para encontrar a melhor forma de te ajudar a mandar essa angústia para longe.
E se serve de incentivo, ele não é da tua roda de amiguinhos. Pode contar seus causos mais escabrosos, não vai sair de lá DE VERDADE. Confia ❤